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histórias da ilustração portuguesa

Savil contra Savil

SAVIL—CHANG CONTRA SAVIL

Thomas Birch, James Black, Fred Criswell, Marcel Durand, Max Felton, Henry Jackson, Nelson Mackay, Peter O’Brion, James W. Sleary, Pierre Souvestre, Joe Waterman ou Joelson foram pseudónimos usados por um prolífico escritor que não acreditava na generosidade dos leitores portugueses para comprar romances policiais da autoria de um tal Mário Domingues. Nas capas de inúmeras coleções dos seus livros, que se alargavam a horizontes mais vastos de ação e aventura, temos o seu filho António Domingues (Lisboa, 1921-Lisboa, 2004), cuja exemplar modéstia subtraíu a assinatura aos inúmeros títulos que ilustrava para o pai Mário. Domingues filho, artista agregado ao movimento neorrealista e, mais tarde, ao Surrealismo, conferia às suas ilustrações para os livros policiais uma dramática carnalidade, acentuada por exuberantes impressões em litografia e grafismos modernistas, bem visível em algumas capas da «Colecção Savil» ou em outras coleções de bolso, como a «Detective», «Max Tedd, o Ás dos Detectives» e «Crime e Castigo». 

A «Coleção Savil» é um quebra-cabeças em matéria de datação mas percorre toda a década de quarenta, repartida por duas editoras lisboetas, A Agência Editorial Brasileira, onde terá começado, e a Livraria Figueirinhas. A coleção, de apenas 20 volumes, duplicada em duas séries de grafismos diferentes, tinha como protagonista um ocioso príncipe oriental de nome Savil que, à semelhança do francês Arsène Lupin, era um bandido com princípios, a contas com bandidos sem eles e com a incompetência das polícias. O sexto volume dá-nos o mais absurdo título de toda a edição policial portuguesa, A História Sem Nome Dum Homem Sem Pernas, bem ilustrada, na edição de 1949, por uma cópia desajeitada da primeira edição, de 1941. O desacerto gráfico foi, aliás, constante em toda a coleção, já contemporânea da «Vampiro», que haveria de requalificar a literatura policial, a partir de 1947. As capas da Savil ou, mais concretamente, sobrecapas, com as suas explícitas cenas dramáticas, de composição cinematográfica, acompanharam a menorização do policial como género literário que, com a honrosa exceção da «Os Melhores Romances Policiais» da Clássica Editora, foi uma constante desde os longínquos fascículos de Sherlock Holmes, de 1909.

SAVIL—GREGOR MÃO DE FERRO

SAVIL—O PENITENCIÁRIO 1022

SAVIL—OS FORÇADOS DA ILHA SEM NOME

SAVIL—SAVIL CONTRA SAVIL

SAVIL—UM CRIME NAS RUAS DE NOVA IORQUE

SAVIL—UM HOMEM SEM PERNAS

Fontes
Crime e Castigo, Jorge Silva, Arranha céus, 2019

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