
Ernest Evans trabalhava na Fresh Farm Poultry quando o dono da empresa, Henry Colt e o seu amigo, o compositor Karl Mann, conseguiram que o jovem Evans fizesse uma gravação privada com Dick Clark, apresentador do programa de televisão American Bandstand. Foi nesta sessão de gravação que Evans adotou definitivamente o seu nome artístico quando a esposa de Clark lhe perguntou qual era seu nome e ele respondeu: «Os meus amigos chamam-me Chubby» (gorducho). Como ele tinha acabado de fazer uma imitação de Fats Domino, ela sorriu e perguntou-lhe: «Como damas (checkers)?» A brincadeira de palavras envolvendo o dominó do nome de Fats e outro jogo de tabuleiro gerou gargalhadas instantâneas entre os presentes, e foi adotada como nome a partir daquele momento.
Escrito e composto por Dave Apell e Karl Mann, Let’s Twist Again saíu em single em 1961, interpretado por Chubby, reportando-se ao seu single do ano anterior, Twist, uma cover do original de Hank Ballard & The Midnighters, de 1959. Dick Clark, notara que a dança se tinha tornado popular entre os adolescentes e recomendou à Cameo Records que Chubby, um artista «mais saudável», regravasse a canção. Na edição portuguesa de Let’s Twist Again, da editora Columbia, Chubby é creditado erradamente como o criador do twist mas, de facto, popularizou a nova mania dançante com o tema inicial, cujo sucesso instantâneo o converteria numa vedeta planetária. Em 2008, Let’s Twist Again foi nomeado o maior hit de todos os tempos pela revista Billboard, a partir da análise de todos os singles que estiverem entre os 10 maiores sucessos dos tops entre os anos de 1958 e 2008.
Cartunista autodidata, João da Conceição Martins (Portimão, 1928 – Lisboa, 1981), animou muitas publicações humorísticas, como Riso Mundial, Picapau e O Mundo Ri, foi o principal ilustrador da revista semanal Parada da Paródia, ligada ao programa de rádio Parodiantes de Lisboa, e criou, durante longos anos, cartunes e grafismos para o jornal A Bola. Teve papel assinalável em filmes publicitários de desenhos animados para, por exemplo, o construtor civil J. Pimenta e, após o 25 de Abril, colaborou no jornal O Diário, assinando com um simples Mart. O seu comentário político, colado à esquerda, revelou-se no álbum Mart, das Edições Avante e no seu funeral, em setembro de 1981, o corpo será coberto com a bandeira do partido comunista.
Aos 33 anos, Martins frequenta em part-time a secção de publicidade da empresa Regisconta e assina o design deste single com o nome genérico de Twist, apresentando uma dualidade curiosa: o registo gráfico na capa, sem o contorno habitual, apresenta as figuras em volumes de cor plana e caras de xadrez geométrico, com o tracejado das rugas a denunciar a gramática dos anos cinquenta. Já na contracapa, encontramos o standard de Martins, numa tira cómica que se pretende pedagógica para uma dança cujos passos, apesar de simples, eram uma novidade. Provavelmente com enredo do próprio artista, a sequência narrativa enfileira no comentário social em que Martins era mestre. O twist era uma dança considerada lasciva e a sua execução por criaturas de meia idade em traje formal teria, naturalmente, uma intenção caricatural.

Fontes:
Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal, Leonardo De Sá e António ias de eus, Edições Época de ouro, 1999
Wikipedia: Hank Ballard, Twist, Chubby Checkers e Let’s Twist Again
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