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histórias da ilustração portuguesa

O Táxi da Morte

“Eu apertei, mas foi devagarinho!!”… 18 abril 1926

Na primavera de 1926 a atriz Maria Alves foi encontrada assassinada à porta de casa, sem as jóias e o casaco de peles. Laboriosas investigações revelaram que o assassino é Augusto Gomes, empresário e ex-amante de Maria Alves, que chorara a defunta no funeral e reclamara publicamente castigo para os criminosos. Por despeito à rejeição da atriz, estrangulou-a num táxi e atirou o corpo para a rua. O empresário e o cúmplice, motorista do táxi 9297, foram sentenciados a pesada pena pelo crime premeditado e executado a sangue-frio. O crime impressionou o país e o caso relatado em jeito de folhetim pela imprensa sensacionalista.

O Domingo Ilustrado nasceu em 18 de Janeiro de 1925, copiando o modelo dos parisienses Petit-Journal Ilustré e Excelsior-Dimanche, ou do italiano Domenica del Corriere de Roma. Assumiu-se como jornal popular recreativo, ocupando um lugar que os jornais políticos e informativos não preenchiam: Não faz campanhas – publica toda a reclamação justa – não tem política, como se assinava no cabeçalho. A primeira e última página eram simétricas, dando relevo a festividades, proezas desportivas, crises políticas e, claro, acidentes e crimes de sangue particularmente violentos. Contemporâneo de uma crescente radicalização de esquerda, o jornal noticiava as proezas da Legião Vermelha, grupo terrorista de inspiração anarcosindicalista, capaz de audaciosos assaltos aos night clubs lisboetas e assassínios a tiro e à bomba. Sob a assinatura BB, o repórter gráfico do jornal ilustrava as capas e contracapas de crimes e acidentes num registo descritivo e competente, a lembrar Alfredo Moraes mas sem a expressividade paródica deste. Os meios tons e o negrume das tintas acentuavam os ambientes tenebrosos e criavam alarme social. A esta ilustração de consumo popular não seria alheio o papel do fundador e diretor do jornal, o cineasta, jornalista e pintor Leitão de Barros, organizador de cortejos históricos e criador da tradição das Marchas Populares de Lisboa. No n.º 154 de 25 de dezembro de 1927, já visado pela comissão de censura, o Domingo Ilustrado despedia-se dos seus leitores prometendo um novo projeto jornalístico mais concertado com os novos tempos…

O Táxi da Morte é o título de uma novela inspirada no caso da atriz Maria Alves e publicada no Domingo Ilustrado em 18 de Abril de 1926.

A horrível morte do polícia 1048 — 16 agosto 1925

O ÚLTIMO GRANDE CRIME DE LISBOA. O duplo assassinato da Rua Saraiva de Carvalho — 25 outubro 1925

O morto misterioso do Club dos Patos — 29 fevereiro 1926

A tragédia do Ritz — 24 outubro 1926

O crime de Almada — 31 outubro 1926

O assalto aos clubs elegantes — 1 março 1925

Fontes:

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt

Portugal Século XX, Joaquim Vieira, Círculo de Leitores, 1999

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