Em encomenda da Bedeteca de Lisboa e do seu director, João Paulo Cotrim, em 2000, a que deu o nome de Ilustradores Ilustrados, um ilustrador munido de uma máquina fotográfica fixou as caras (e corpos) de alguns dos mais eminentes ilustradores portugueses contemporâneos, em corte diagonal de gerações e notoriedades. Retratista consagrado de escritores, João Francisco Vilhena (Lisboa, 1965) ensaia neste projecto uma plasticidade cénica de rara cumplicidade com os ilustrados. Rara é também a qualidade da produção, trocando o intantâneo fotojornalístico por laboriosa produção. São 25 viagens ilustradas por mundos ocultos ou assumidos na obra pública e publicada. Há referências eternas e há referências efémeras. Fragateiro é a sardenta Pipi das Meias Altas, Morais um explorador tintinesco, Cavalheiro mima o seu ídolo Bocage, Geirinhas assume uma replicante do filme Blade Runner, Letria é quadro de Magritte, Ruivo encarna o seu americaníssimo Bug do Milénio e Pott figura um Capuchinho Vermelho pouco ortodoxo. São imagens de um tempo e um lugar que celebraram o triunfo da ilustração editorial portuguesa e de um futuro otimista que o nosso inquietante presente remeteu para a gaveta da memória.
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