Pioneiro da ilustração digital, Gonçalo Ruivo (Lisboa, 1957), revela-se nos suplementos Leituras e Leituras & Sons do jornal Público a partir de 1992 e durante os oito anos seguintes, utilizando o software Adobe Illustrator. Ruivo utiliza o mesmo registo numa curta passagem em 1994, pelo Dinheiro, caderno de Economia d’ O Independente, mas é nos suplementos literários do Público que se encontram as mais impressivas metáforas para ilustrar temas complexos do ensaísmo e ficção literária, utilizando objectos comuns, geralmente de uso doméstico. A recontextualização destas imagens banais atinge a máxima intensidade na ilustração acima. Vale a pena comparar a extrema humanidade e rigor da imagem com uma breve sinopse do artigo: [David J. Goldhagen, professor de Ciência Política em Harvard, propôs-se rever, ou revolucionar, a interpretação do Holocausto. O seu livro, ‘Os Carrascos Voluntários de Hitler’ reafirma a tese da culpa dos ‘alemães comuns’ no extermínio dos judeus.]
A construção das imagens é genuinamente digital, não existe desenho prévio à execução no computador. Ruivo utiliza as ferramentas do programa para conceber as suas ilustrações. O preto e branco complementados por sofisticados cinzentos foram condição técnica obrigatória para a impressão em jornal, mas também marca de uma elegância formal capaz ampliar a qualidade da metáfora. A atividade simultânea de artista plástico evidencia-se na liberdade poética e no emaranhado de traços e manchas sabiamente organizados. E numa compreensão descontraída do computador como meio de expressão que não teve paralelo no seu tempo.
Filed under: Gonçalo Ruivo, Gonçalo Ruivo, Ilustração portuguesa
Parabéns pelo blog!
A minha aselhice, em habilidades de computador e net, é muita. Será por isso, que só agora encontre, o que procurava desde que ando a brincar por aqui. Postais ilustrados – engraçados – . Estou a gostar imenso e acho que vou aparecer por aqui bastantes vezes.
(Foram os postais do Piló, que me fizeram vir aqui- Almanaque Silva-). Saber mais e ver mais desenhos do Piló é uma das informações que tenho tentado encontrar. )
Não conhecia o Gonçalo Ruivo. Gostei.
Obrigada